sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Relato Desafio 3 Subidas para a Morte e 3 Descidas para o Paraiso

Antes do desafio escrevi

Estratégias e motivação para desafio das 3 subidas e morte antes de chegar no paraíso.
Algum maluco inventou este desafio, alguém me disse que era difícil, mas que poderia caminhar e que não seria uma corrida. Ai já viu.
Agora pensando em participar! 
Tenho que inventar alguma estratégia para ir melhor, ou algum objetivo para ser atingido e nem tanto para isto, mas para servir de motivação para os momentos difíceis.
Para quem não tem treino nenhum de corrida, só sobra a opção de caminhar (e trotear) usando o máximo de técnica (se tiver alguma!), principalmente parando pouco, a fim de ganhar algum tempinho.
Então pensei os meus objetivos reais ou mitológicos para este desafio.
1- Completar os 21km das 3 subidas;
2- Chegar em casa a tempo para o almoço. O Almoço vai ser um bom motivo, quem sabe alguma Malzbier depois da chegada!
3- não ser o último a chegar! O problema vai ser o pessoal que desiste e não chega, me deixando por último;
4- não desistir e não morrer. Adiciona ai: não estourar os joelhos a descer.

5- chegar na frente do Marco Cordova !!!! Ai sim o grande motivador!

O texto acima foi escrito de forma irônica, mas verdadeira. Não tive tempo de treinar e nem é do meu costume atual correr. A verdade é que nem lembro mais quando havia realizado alguma corrida. O que estou mais acostumado é com as caminhadas de longa distância a um ritmo de 6 km/h, ou mais. Estou acostumado a desafios longos e difíceis, mas pedalando, o que me restava era a experiência que, sozinha, não ajuda muito.
Não tinha nem ideia das minhas condições e duvida inclusive se conseguiria correr do local de largada até o início da primeira subida. Pensei até em fazer um planejamento e uma tabela a ser seguida com o ritmo de corrida no plano, de caminhada a subir e de corrida, ou caminhada a descer, mas nem isto tive tempo devido ao horário alongado do comércio antes do natal. Estava com dúvida também de quanto eu estaria cansado antes da largada, devido ao excesso de trabalho. Desafio que é desafio não pode ser fácil e de qualquer forma qualquer participante enfrentaria os seus, independente do ritmo e das intenções durante este desafio. Conhecia a maior parte dos participantes e muitos deles haviam treinado para este evento, alguns destes, mesmo assim, estavam com dúvida em participar, ou não.
O que interessa é que na largada eu estava lá. Só de lembrar já posso afirmar que foi bom, pois estava largando ao lado de vários bons atletas e de muitos amigos. O dia estava nublado e o tempo prometia chuva o que seria uma benção se comparado ao clima escaldante do dia anterior. Na noite a chuva forte já havia refrescado o clima.

Dos itens listados acima:
 1- completar os 21 km e as 3 subidas. Este era o verdadeiro objetivo, pois se fosse uma distância menor, no meu caso seria uma frustração por não ter tentado o máximo;
2- Chegar em casa até a hora do almoço. Imaginava que na pior das hipóteses eu poderia caminhar os 21km e completar o desafio em 4h, mas sabia, sem ter certeza, que conseguiria em menor. Chegar em casa para a hora o almoço seria em até 4 horas e caminhar 21km sem correr. O que fosse mais rápido seria saldo de alguma superação. Lembrar dos tempos em que corria 16 km por noite não seria o suficiente e até era bom que não lembrasse mais disto, pois não correria o risco de ser enganado pela minha memória esportiva.
3- não ser o último a chegar! Na verdade não me importaria de ser o último, mas o objetivo tinha de ser o de superar alguém, pois se largasse para ser o último, não precisaria me esforçar em quase nada. O adversário era o eu e não os outros;
4- não desistir e não morrer. Adiciona ai: não estourar os joelhos a descer.
Sim este era um cuidado bem importante onde a minha experiência me dizia, e isto se comprovou, que eu teria mais dificuldades a descer, do que a subir.
Desistir é algo que tenho bem gravado no psicológico como uma opção que não devo levar em consideração;
Não morrer representa a opção de saber dosar as energias, sentir o meu corpo, evitando principalmente andar inicialmente em um ritmo além das minha capacidade. Não morrer significa saber o que estava fazendo ( no meu caso um grande desafio) mesmo não tenho certeza do que enfrentaria ( devido à falta de treino) mas sempre lembrando que não seria fácil. Não iria subestimar as dificuldades das 3 subidas e 3 descidas.
Não estourar os joelhos a descer. Eu sabia da dificuldade na descida, pois nas caminhadas sinto dificuldade e mais dores nos joelhos a descer. Correndo seria ainda pior. Devia levar em consideração o meu peso acima do ideal para um corredor.
Para quem não tem treino nenhum de corrida, só sobra a opção de caminhar (e trotear) usando o máximo de técnica (se tiver alguma!)
Então tudo deveria ser: correr no plano e a descer sempre que possível e caminhar rápido a subir utilizando o máximo de técnica. Que técnica? A dos bastões de caminhada que eu estou muito acostumado a utilizar nas caminhadas e que me ajudam a ter um bom desempenho nas subidas (caminhando!). Tinha consciência que as subidas não seriam problema se eu caminhasse utilizando os bastões e por isto, prevendo as dificuldades extras, optei por ser o único maluco a largar com mochila nas costas- que levei principalmente para o transporte dos bastões. No meu caso o nome mais apropriado do desafio seria: 3 subidas lentas para o céu e 3 descidas para o inferno.
5- chegar na frente do Marco Cordova!!!! Ai sim a brincadeira, pois sei que o Marco Cordova está bem mais acostumado a este tipo de prova do que eu, mas sei que ele entenderia a brincadeira.
Largada na chuva e seguimos em um ritmo sustentável. Chegada ao inicio da primeira subida e eu estava ainda bem. Por ser a subida mais fácil decidi não utilizar os bastões. Por ser apenas a primeira decidi não gastar todos os cartuchos na primeira batalha. Então segui tentando encontrar um ritmo de andamento, revessando a caminhada e a corrida. Os demais corredores começaram a nos ultrapassar, mas isto não era o meu foco principal.
Final da primeira subida já estava bem aquecido, mas haveriam mais algumas subidinhas até o início da primeira descida- a mais inclinada. Neste trecho já estava junto a outros corredores que seguiam próximos, Denise e Daniel que seriam os meus companheiros quase até o final do desafio.
 Inicio da descida e fiz o teste de correr embalado esticando bem as pernas, Seria possível correr assim, ao menos no local, mas depois de um 150 metros voltei ao ritmo mais lento e freado. O impacto nos pés e pernas era muito grande e não saberia até onde conseguiria manter este ritmo. Descemos correndo a passos curtos e alguns trechos caminhando rápido.
Novamente no plano corremos e alguns trechos caminhamos. Já estava no meu ritmo de prova, mesmo que lento para a média, mas seria um ritmo sustentável, pois não estava me cansando.
Inicio da segunda subida. Agora era a hora dos bastões de caminhada, tive que aprender a tira-los da mochila Salomon enquanto caminhava. Os bastões estavam presos na mochila por elásticos na parte baixa, um de cada lado, e na parte superior, os dois do mesmo lado, o que deixava a mochila mais pesada de um lado. Tai algo que poderia melhorar na mochila, mas este problema ficou resolvido quando alterei as regulagens. Demorei até regular os bastões, mesmo tendo feito marcas nas hastes com a altura correta de cada um.  Bastões e andamento de caminhada rápida a subir, respiração acertada, lá estava eu na minha zona de conforto, mas que também me faz gastar energia. O subida não era mais o meu problema. Final da subida com chuva forte e vento contra, aproveitei que alguém estava fazendo fotos, para correr utilizando os bastões. È alguma coisa bem estranha, que me lembra correr de 4 patas, mas duas são os bastões.
Chegando no final da subida o pessoal da organização estava oferecendo água e o gel de carboidrato que aceitei e pude conferir a utilidade e o acerto na hora/ local em que foi distribuído. Energia renovada seguimos no trecho mais plano até o Trevo do Fritz e Frida onde encontramos a Grazi. Perguntei as horas: 9:34. Se estávamos aproximadamente na metade da prova com um tempo aproximado de 1h e 30 minutos, poderíamos completar o desafio em aproximadamente 3h. No meu caso já seria um tempo bom, independentemente do tempo dos demais.
Descida da segunda. Descer foi mais fácil do que na anterior, mas eu senti as primeiras dores nos músculos acima dos joelhos, aqueles que usamos para frear na pisada.
O Tênis Salomon XR Mission 1 foram muito bem, pois em nenhum momento escorreguei no chão molhado e também não senti dores nos pés. O impacto foi bem absorvido. Sou alto e grande e estes tênis possuem uma base mais larga que não me deixa torcer o pé, além de serem bem confortáveis.
Usei meias de compressão da marca SIGVARIS Performance. Já tinha utilizado estas meias no dia a dia e em pedaladas, mas nunca para corrida. Imaginava que sentiria dores na panturrilha e frente das pernas, ou que poderia estar com pernas inchadas nos dias seguintes ao desafio, mas fiquei surpreso. Durante, ou depois do desafio, não senti nenhuma dor, ou inchaço nas pernas, tornozelos e pés- região que ficou sob efeito das meias de compressão. Deveria ter utilizado uma meia de compressão até o pescoço, pois as dores nas coxas, braços e um pouco também nas costas, persistiram por dias.
Logo no final de segunda descida iniciava a terceira subida, primeiro um pouco de corrida e logo depois volto ao meu ritmo de caminhada com bastões que me fez tirar vantagens sobre os meus companheiros de indiada. Subi todo o percurso no mesmo ritmo. Estava quente e a chuva estava muito boa. No final da subida senti a queda de pressão, mas foi só alguns goles da água e respirar fundo e saímos correndo novamente. Deixei os bastões com o Luis Leandro que me entregou no final da prova.
Agora estava retornando do céu para o inferno e previsível- a falta de treino fez efeito- comecei a sentir dores nos músculos das pernas- alcançamos o Bilheri, que já estava mais lento  e com dores nos joelhos.
Última descida e agora estava difícil correr, mas também não estava mais preocupado e sim feliz, pois já estaria superando as minhas expectativas neste desafio. Só não tinha certeza se não seria último a chegar, mas que diferença faria?

Seguimos caminhando e conversando. A Denise já havia sumido na nossa frente. Eu, Bilheri e Daniel seguimos vez ou outra tentando correr. Em alguns trechos eu corria e gritava alto, se alguém viu deve ter pensado: o que é isto? Chegando na chuva, deu tempo de comer uma pera de alguma pereira na rua Oscar Jost. A partir da esquina da rua Alberto Pasqualini seria a corrida do Sprint da chegada. A gente esquece o cansaço a dor.
 Foi muito bom participar, conversar com alguns dos demais participantes e ficou a vontade de voltar a correr regularmente para estar melhor nos próximos desafios.

Parabéns a organização, aos voluntários e quem apoio o evento.
Parabéns principalmente ao Márcio Reis idealizador do evento.
Obrigado as companheiros de desafio que com certeza foram muito legais.

Luiz M. Faccin
Dez 2014

Um comentário:

  1. Ufa! A gente cansa só de ler... Parabéns pela conquista. Só uma perguntinha: foste o último (não que isto importe, realmente)? Grande abraço.

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